domingo, 18 de agosto de 2019

Flor da Saudade



No jardim da minha vida
Existe ainda uma flor.
Ela se chama saudade
E a cultivo com amor.

Lilaz é a sua roupagem
De perfume embriagador.
Faz viver a esperança
Faz reviver o amor.

Todas as flores secaram
Só a saudade restou.
Traz  lembrança do passado
Que o tempo não apagou.

Maria Ássima Fadel Dutra (Mariana)
In Sonhar e Viver

Gosto






Gosto do cheiro das árvores
Do cantar dos passarinhos.
Da relva fresca, molhada,
Das pedras do meu caminho.

Do azul do mar revolto
Das ondas espumantes,
Das brancas praias silenciosas,
Dos raios do sul ofuscante.

Do céu pontilhado de estrelas,
Da bela luz do luar,
Das nuvens esparsas, girando,
De um cantinho para amar.

Maria Ássima Fadel Dutra (Mariana)
In Sonhar e Viver
arte desconheço autoria



Canção


Viver não dói. O que dói
é a vida que se não vive. 
Tanto mais bela sonhada, 
quanto mais triste perdida. 

Viver não dói. O que dói
é o tempo, essa força onírica
em que se criam os mitos
que o próprio tempo devora. 

Viver não dói. O que dói
é essa estranha lucidez, 
misto de fome e de sede
com que tudo devoramos.  

Viver não dói. O que dói, 
ferindo fundo, ferindo, 
é a distância infinita
entre a vida que se pensa
e o pensamento vivido. 

Que tudo o mais é perdido. 

Emílio Moura
arte Pat Brennan

Atraso Pontual



Ontens e hojes, amores e ódio,
adianta consultar o relogio?
Nada poderia ter sido feito,
a não ser o tempo em que foi lógico.
Ninguém nunca chegou atrasado.
Bençãos e desgraças
vêm sempre no horário.
Tudo o mais é plágio.
Acaso é este encontro
entre tempo e espaço
mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que faço?

Paulo Leminski