A tua casa é o meu coração
e o teu perfume enche de nostalgia as minhas noites.
Pelos meus braços vens caminhando nua,
com a doçura da gazela e a brevidade suicida das flores do hibisco.
O meu coração dá abrigo a um grande amor,
como a palmeira protege as tâmaras dos ventos do deserto
ou a romã se transforma em cofre para guardar os seus rubis.
Não há armadilhas montadas no percurso que te leva à minha cama,
e nada será perturbado pelo júbilo de beijar todas as sílabas que a tua boca pronuncia.
És em mim. Estás em mim.
Há-de o meu coração ficar em ruínas
e, assim mesmo,
defenderá o teu corpo, a tua vontade, e o teu sorriso
que tem a envergonhada cor da flor do lótus.
Há-de o meu coração calar-se,
mas esse silêncio não impedirá a promessa de uma eterna noite de amor.
Joaquim Pessoa,
de “O Poeta Enamorado”
arte Ichiro Tsuruta
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