Bendito o coração que não esquece
a inédita emoção do amor primeiro,
e a quem ela, no instante derradeiro,
numa benção, de súbito, aparece!
Abençoada seja, em toda prece,
a árvore que, na asperidão do outeiro,
na áurea colheita do pomar inteiro,
recorda o fruto da primeira messe!
Bendita seja, e, para o amor, sagrada,
a alma que acorda do primeiro sono
com os olhos postos na ilusão passada.
E bendita, afinal, a alma sincera
que abre na solidão do meu Outono
meu primeiro botão de Primavera...
Humberto de Campos (1886-1934)
arte Sandra Biermann
Nenhum comentário:
Postar um comentário