Bem de madrugada,
vamos ver os homens lavrarem os campos.
Antes que o sol derrame
torrentes de fogo, vamos ver os homens,
bem de madrugada,
em seu trabalho eterno.
Muito de madrugada,
vamos ver os bois, reis da terra de outrora.
Vamos ver o mistério
dos cestos, das rodas, da terra entreaberta,
muito de madrugada,
e os ritos seculares.
Bem de madrugada.
Deuses?Sacerdotes?Mágicos?Patriarcas?
Dormimos e sonhamos?
Os homens esposam terra, semente,água,
bem de madrugada,
com reverentes gestos.
Muito de madrugada.
Quando a sombra dos bois é impalpável charrua.
E há um silêncio redondo:
úmida suspira a terra perfumada
entre horizontes de ouro.
Bem de madrugada.
Cecília Meireles
de Poemas Escritos na Índia
arte Van Gogh
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