sábado, 7 de outubro de 2017

O que não é banal



O lixo na praia,
a mulher parindo na calçada,
as multidões enlouquecidas,
as ilhas dos amantes,
Por um instante
a gente desliga os aparelhos
e vive.

N aluz que se filtra na mata,
poeirinhas,polens,saliva de fada
que ri à toa,
ou caspa de duende armando suas artes.
A ventania chega atropelando tudo:
recolhem-se crianças e coisas 
e se olha a tempestade atrás da janela.

Logo ali o grande mundo mói a vida
com suas engrenagens cruéis:
mas naquele momento, naquela redoma
de vidro simples na chuva cotidiana,
ali é o castelo da Bela Adormecida
ou a casa dos sete anões

( Nada é banal.
A gente é que esquece.)

Lya Luft
arte Gustave Dore



Nenhum comentário:

Postar um comentário