sábado, 18 de novembro de 2017

Noturno



(Sugestão de um poema faminto)

Tudo cor de azeitona.Fim do mês.
Noite opípara: a lua, qual pedaço
De um manjar branco, gira pelo espaço.
Ergue-se o monte como um bolo inglês.

Vejo a calda do oceano e a languidez
Da geleia d'arbustos que, em melaço
De orvalho, treme à aragem.Há um bagaço
De nuvens no ar. O mar, de vez em vez,

Lança n'areia espumas de cereja...
Vejo um sorvete e até abacaxi
Sob forma de torre de uma igreja!

Pelo espinheiro além, quando palito!
E as estrelas, no céu, longe daqui,
São biscoitos jogados no infinito!

Emílio Menezes
arte Tjalf Sparnaay

Nenhum comentário:

Postar um comentário