sexta-feira, 1 de novembro de 2019

PARA UM AMOR QUE NÃO VEIO



Tenho sede de ti
meu amor
mas desconheço o som de teus passos
desconheço
a textura (provavelmente morna)
de teus cabelos - desconheço.

Tenho tanta sede de ti
amor - areia soprada pelo vento
teia esgarçada, sonho desperto
bruscamente - tanta sede
e tão abissal
e tão atávica
e tão desencontrada
nestes vinte e seis anos de procuras 
vãs.

Ah
quero fechar meus olhos
quero despertar logo e
bruscamente
deste denso sono em ti:
amado, amada
- desconhecidos 
alados.

Caio Fernando Abreu
 Poesias nunca publicadas 
arte Dorina Costras

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