Tenho sede de ti
meu amor
mas desconheço o som de teus passos
desconheço
a textura (provavelmente morna)
de teus cabelos - desconheço.
Tenho tanta sede de ti
amor - areia soprada pelo vento
teia esgarçada, sonho desperto
bruscamente - tanta sede
e tão abissal
e tão atávica
e tão desencontrada
nestes vinte e seis anos de procuras
vãs.
Ah
quero fechar meus olhos
quero despertar logo e
bruscamente
deste denso sono em ti:
amado, amada
- desconhecidos
alados.
Caio Fernando Abreu
Poesias nunca publicadas
arte Dorina Costras
Nenhum comentário:
Postar um comentário