quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

O Tempo




Passas, leve e sutil, sem trégua e sem cansaço.
 Passas, e de teus pés vem rolar sob a planta
Tudo o que ri e chora e se lastima e canta.
 Uma esteira de pó fica após o teu passo...

 Quanta angústia desfeita em lágrimas, 
e quanta Ilusão, que embalou um’hora o teu regaço,
 Não pensaram, ness’hora inolvidada e santa,
 Seguir contigo a estrada infinita do espaço!

 E ao término fatal levaste-l’as, no entanto. 
O monumento eril rui à tua passagem,
 E transmuda-se em sombra a mais brilhante imagem.

 Tarde ou cedo destróis tudo o que existe: o pranto
 Secas, sustas o riso, e emudeces o grito
 No lento caminhar através do infinito...

Julia Cortines
arte Fuller Graves

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