sábado, 2 de novembro de 2019

POENTE


Que podes mais dizer-me que não saiba, 
Veia do sol sangrada para a terra, 
Manso esgarçar de névoa refrangida 
Entre o azul do mar e o céu vermelho? 
Já há tantos poentes na lembrança, 
Tantos dedos de fogo sobre as águas, 
Que todos se confundem quando, noite, 
Posto o sol, se fecham os teus olhos.  

- José Saramago
 em "Os poemas possíveis".

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