terça-feira, 19 de outubro de 2021

POEMAS DA CASA

 

7

Perscruto com a lente
A cor dos teus olhos.
O arco-íris se renova
A cada trecho da memória.
Procuro uma definição
Que não se encontra no mundo.
Neste jogo nossos seres
Referverem futuros.

8

Há um momento em que o piano se cala.
Um momento apenas, de suspensão ou espanto,
Enquanto os cavalos de gesso irrompem da aurora
E anunciam o advento do tempo futuro.
Tua mão coberta de rendas adeja no ar
Perseguindo uma forma indecifrável e substancial.
Cantam lá fora, mas o murmúrio nos afoga,
De nossas próprias vozes, 
concentradas num êxtase.

9

A valsa, vida é valsa,
Precisamos da valsa
Como quem precisa da morte.
Os dedos da pianista 
Tecem nossos díspares destinos.
Não percebes o desencanto e avanças
Os sinais, as lâmpadas do tempo, os sinos,
Numa aleluia que é como taças que se rompem.

23/11/45

Hélio Pellegrino
de Minérios Domados
arte Childe Hassam





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