segunda-feira, 11 de novembro de 2019

SOL DE OUTONO



 Declínio augusto de uma mocidade,
 Tarde melhor que esplêndida manhã,
 Fruto supremo na maturidade
 E alma da carne sazonada e sã;

 Argirócomo tronco, inda te invade
 Juvenilmente, sápida e louçã,
 A seiva forte em toda intensidade
 Do sangue de imortal deusa pagã!

 Nada te abate o orgulho da beleza,
 Pois tens, dentro de ti, o áureo fulgor
 Do Belo, eterno como a Natureza!

 A arte emprestou- te o mágico vigor
 Da forma que persiste, altiva e ilesa,
 A rir da Morte e a perpetuar o Amor.

Emílio de Menezes
de Últimas Rimas 

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